terça-feira, 28 de janeiro de 2014

A mãe ideal


A mãe ideal

Por Marina Soares Otoni- Psicóloga da Clínica Base

 

Recentemente, tive a oportunidade de ler uma série de livros destinados aos pais de primeira viagem. Para orientá-los, os autores descrevem minuciosamente o desenvolvimento de uma criança em diferentes idades, aconselhando os pais sobre a forma mais adequada de lidar com as questões que surgem em cada etapa da vida. De tudo que eu li, uma autora em especial me fez refletir criticamente sobre esses autores que descrevem o papel dos pais como algo que pode ser aprendido. 

Elisabeth Badinter é uma filosofa francesa que publicou na França a sua tese de doutorado “Um Amor Conquistado: O Mito do Amor Materno”, causando polêmica ao questionar a existência do instinto materno. Para desenvolver a sua pesquisa, Elisabeth realizou um estudo sobre o comportamento materno das mulheres francesas ao longo dos séculos, concluindo ao finalizá-lo que ao contrário do que espera aqueles que acreditam no instinto materno esse comportamento se modifica de acordo com a época em que a mulher vive e o contexto social e cultura no qual ela está inserida. O que levou a autora a concluir que as orientações que definem para a mulher o que é ser uma boa mãe são fruto de uma construção social, podendo sofrer modificações com o passar do tempo. 

Na ilusão de garantir aos filhos uma boa maternagem, as mulheres tentam realizá-las, ainda que a sua realidade não lhes permita, sentindo-se profundamente frustradas e culpadas quando não conseguem ser para seus filhos a mãe ideal.

Para Winnicott, pediatra e psicanalista que estudou o comportamento das mães e seus bebês, às mulheres não deveria ser ensinado o que elas devem fazer com seus bebês. Winnicott acredita que as orientações dadas ás mulheres pelos profissionais que acompanham a sua gestação e os primeiros anos do seu bebê tira dela o que ela tem de mais valioso, a capacidade de se identificar com seu filho e perceber o que ele necessita.

É essa capacidade que só a mulher é capaz de desenvolver que garante uma boa maternagem.

Para exercê-la, é necessário que ela questione essas orientações que definem para ela a mãe ideal, assim como as expectativas daqueles que lhe são significativos, como seu companheiro e familiares, procurando identificar a partir da sua história pessoal, que mãe ela gostaria de ser para seu filho. Só assim a mulher vai conseguir transmitir nos cuidados prestados a ele confiança, verdade e sinceridade. Não seria essa a mãe ideal?      

  
Fonte:

Autora: Elisabeth Badinter

Obra: Um amor conquistado: O mito do amor materno.


Autora: Elisabeth Badinter

Obra: O conflito: A mulher e a mãe.


Autor: D.W. Winnicott

Obra: Os bebês e suas mães.

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Para refletir....

Mãe Perfeita x Mãe Possível (Por Cris Guerra)


Mães dedicadas levam e buscam os filhos na escola. Mães que fazem o possível contratam um escolar. Mães dedicadas costuram com as próprias mãos os remendos da calça do filho para a festa junina. Mães que fazem o possível correm na véspera para as Lojas Americanas em busca de remendos autoadesivos. E se assustam ao constatar que até agora o produto não foi inventado. E enquanto a mãe dedicada passeia com os filhos na pracinha toda manhã de sábado, a mãe que faz o possível liga a TV no Ben 10 para que o filho lhe dê mais meia hora de sono. Mães dedicadas levam o filho ao dentista. Mães que fazem o possível deixam que a avó o faça.
Mães dedicadas pintam elas mesmas a parede do quarto dos filhos. Mães que fazem o possível sugerem que os próprios filhos o façam. E enquanto a mãe dedicada já idealizou uma opção doce e outra salgada para a próxima atividade escolar do filho, a mãe que faz o possível arde em febre ao receber o pedido da professora para comparecer na próxima segunda-feira levando os ingredientes para montar uma bandeira da Guiné-Bissau comestível. E sonha ter sido sorteada com a bandeira do Japão, em que bastaria colocar uma fatia de tomate sobre a bandeja branca. Mas a mãe que faz o possível dispensa o escolar naquele dia e se emociona ao levar o filho à escola junto com as vasilhinhas de manga, kiwi e cereja picados, e uma caixinha de passas pra fazer as vezes da estrela. E torna-se a heroína do filho em menos de 10 minutos, ao montar uma mal-ajambrada salada de frutas representando a Guiné-Bissau (que ela nem sabe direito onde fica).
E assim, numa tarde de segunda-feira qualquer, a mãe que faz o possível provoca em seu pequeno um sorriso inédito. E descobre que não é nada menos que a melhor mãe do mundo.”

http://bebe.abril.com.br/blogs/confessionario/2012/03/02/mae-perfeita-x-mae-possivel/

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quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Convite primeiro encontro de 2014 do Cá entre nós!

Queridas mães/mulheres blogueiras,

Com o nascimento de uma criança nasce também uma mãe, e com ela várias perguntas! Como conciliar o papel de mãe com a profissão, a vida amorosa e os cuidados da casa? Como colocar limite nos pequenos? Como preservar a vida do casal depois do nascimento do filho? Qual é a melhor maneira de lidar com as manifestações da sexualidade infantil? Esses são apenas exemplos de questões que toda mãe conhece... Ou vai conhecer! 

Convidamos vocês para um encontro entre mulheres\mães, que irá ocorrer no dia 19/02/2014 (quarta-feira) às 19:30, em que iremos refletir sobre esses e outros desafios, numa conversa sobre a Maternidade no mundo Contemporâneo guiada pela psicóloga da Clínica Base Marina Soares Otoni. 

Batizado Cá Entre Nós, o projeto surgiu da parceria entre a Clínica Base, o Quintal da Arte e o Espaço Social a partir da percepção da necessidade de muitas mulheres em externar suas angústias e com- partilhar experiências e dúvidas. 
Contamos também com o apoio do Blog Diário Mãe de Primeira Viagem (http://diariomaedeprimeiraviagemtatty.blogspot.com.br/)!

Participem! Este encontro do Cá Entre nós é especial para vocês: mães/mulheres que compartilham suas experiências conosco em suas páginas, grupos e blogs!!!!

O encontro ocorrerá no Quintal da Arte: Rua General Dionísio Cerqueira, 1159, Gutierrez. 
Inscrições e informações por e-mail ou telefone: paula@clinicabase.com/ 31 84612296
Visitem também nosso blog (http://www.projetocaentrenos.blogspot.com.br/) e nossa fan page no facebook (https://www.facebook.com/caentrenosprojeto).
Vagas limitadas!

Aguardamos vocês! Sejam bem vindas ao Cá entre nós!
Cordialmente,
Equipe Cá entre nós!

Texto para aquecer as discussões que ocorrerão nos encontros do Cá entre nós!


Maternidade na contemporaneidade

Marina Soares Otoni- Psicóloga da Clínica Base 


“Minha dor é perceber que apesar de tudo o que fizemos, ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais”.
Foi esse refrão da música de Elis Regina que insistentemente soava na minha mente quando presenciei uma amiga ser duramente criticada, sem direito a defesa, enquanto carinhosamente alimentava seu bebê de apenas quatro meses com uma suculenta mamadeira, por um grupo de mulheres indignadas com a sua decisão de não amamentar mais o filho, o que para elas representava uma atitude de extremo egoísmo.
Vivemos em uma época em que, diferente do que acontecia com nossas avós, não existem mais na sociedade de hoje referências claras que nos orientam em relação aos vários papéis que vamos assumindo ao longo da vida, dentre eles, a maternidade. Se por um lado, essas referências revelavam para nossas avós como elas deveriam agir para exercer a maternidade com competência, por outro, tiravam dessas mulheres a liberdade de construir a sua própria identidade como mãe, se aproximando daquilo que realmente fazia sentido para elas.
Aprisionadas a uma imagem socialmente construída da mãe que ama seu filho incondicionalmente, nossas avós não podiam sequer admitir a presença do turbilhão de sentimentos contraditórios que a maternidade despertava nelas. Afinal, não lhes foi dado o direito a escolha, assim que seus filhos nasciam, tinham que responder a todos os ditames sociais que definiam o que era ser uma boa mãe.
O que numa sociedade como a nossa, que os ideais e a tradição perderam sua força, não deveria acontecer. Apesar disso, cenas como a que descrevi se repetem cotidianamente, nas praças, nas festinhas infantis, nas maternidades, nos shoppings, onde quer que você esteja com seu filho sempre haverá alguém para avaliar, julgar e criticar o seu comportamento como mãe, agindo como se ainda existissem parâmetros sociais rígidos que definem o que é ser uma boa mãe.
Em pleno século XXI, as mulheres parecem não gozar da liberdade conquistada através dos movimentos feministas, da revolução sexual, do advento da pílula anticoncepcional, dos leites em pó, da cesariana, que nos coloca diante de um universo de possibilidades. Há mulheres que ainda insistem em criar parâmetros e condenar aquelas que não os correspondem, ao invés de desfrutar do direito adquirido com essas conquistas de encontrar a sua própria forma de ser apenas uma boa mãe para seu filho.
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