quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Texto para aquecer as discussões que ocorrerão nos encontros do Cá entre nós!


Maternidade na contemporaneidade

Marina Soares Otoni- Psicóloga da Clínica Base 


“Minha dor é perceber que apesar de tudo o que fizemos, ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais”.
Foi esse refrão da música de Elis Regina que insistentemente soava na minha mente quando presenciei uma amiga ser duramente criticada, sem direito a defesa, enquanto carinhosamente alimentava seu bebê de apenas quatro meses com uma suculenta mamadeira, por um grupo de mulheres indignadas com a sua decisão de não amamentar mais o filho, o que para elas representava uma atitude de extremo egoísmo.
Vivemos em uma época em que, diferente do que acontecia com nossas avós, não existem mais na sociedade de hoje referências claras que nos orientam em relação aos vários papéis que vamos assumindo ao longo da vida, dentre eles, a maternidade. Se por um lado, essas referências revelavam para nossas avós como elas deveriam agir para exercer a maternidade com competência, por outro, tiravam dessas mulheres a liberdade de construir a sua própria identidade como mãe, se aproximando daquilo que realmente fazia sentido para elas.
Aprisionadas a uma imagem socialmente construída da mãe que ama seu filho incondicionalmente, nossas avós não podiam sequer admitir a presença do turbilhão de sentimentos contraditórios que a maternidade despertava nelas. Afinal, não lhes foi dado o direito a escolha, assim que seus filhos nasciam, tinham que responder a todos os ditames sociais que definiam o que era ser uma boa mãe.
O que numa sociedade como a nossa, que os ideais e a tradição perderam sua força, não deveria acontecer. Apesar disso, cenas como a que descrevi se repetem cotidianamente, nas praças, nas festinhas infantis, nas maternidades, nos shoppings, onde quer que você esteja com seu filho sempre haverá alguém para avaliar, julgar e criticar o seu comportamento como mãe, agindo como se ainda existissem parâmetros sociais rígidos que definem o que é ser uma boa mãe.
Em pleno século XXI, as mulheres parecem não gozar da liberdade conquistada através dos movimentos feministas, da revolução sexual, do advento da pílula anticoncepcional, dos leites em pó, da cesariana, que nos coloca diante de um universo de possibilidades. Há mulheres que ainda insistem em criar parâmetros e condenar aquelas que não os correspondem, ao invés de desfrutar do direito adquirido com essas conquistas de encontrar a sua própria forma de ser apenas uma boa mãe para seu filho.
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